sábado, 19 de maio de 2012

Ossain (Òsanyìn)

 

                                                    

(Kó si ewé, kó sí Òrìsà)
, ou seja, sem folhas não há orixá, elas são imprescindíveis aos rituais do Candomblé. Cada orixá possui suas próprias folhas, mas só Ossaim (Òsanyìn) conhece os seus segredos, só ele sabe as palavras (ofó) que despertam o seu poder, a sua força.




Ossaim desempenha uma função fundamental no Candomblé, visto que sem folhas, sem a sua presença, nenhuma cerimónia pode realizar-se, pois ele detém o axé que desperta o poder do ‘sangue’ verde das folhas.



Ossaim é o grande sacerdote das folhas, grande feiticeiro, que por meio das folhas pode realizar curas e milagres, pode trazer progresso e riqueza. È nas folhas que está à cura para todas as doenças, do corpo ou do espírito. Portanto, precisamos lutar por sua preservação, para que consequências desastrosas não atinjam os seres humanos.



A floresta é a casa de Ossaim, que divide com outros orixás do mato, como Ogum e Oxóssi, o seu território por excelência, onde as folhas crescem em seu estado puro, selvagem, sem a interferência do homem; é também o território do medo, do desconhecido, motivo pelo qual nenhum caçador deve penetrar na floresta na mata sem deixar na entrada alguma oferenda, como alho, fumo ou bebida. Medo de que? Medo dos encantamentos da floresta, medo do poder de Ogum, de Oxóssi, de Ossaim; respeito pelas forças vivas da natureza, que não permitem a pessoas impuras ou mal-intencionadas penetrar em sua morada. Se nela entrarem, talvez jamais encontrem o caminho de volta.



Ossaim teria um auxiliar que se responsabilizaria por causar o terror em pessoas que entram na floresta sem a devida permissão. Aroni seria um misterioso anãozinho perneta que fuma cachimbo (figura bastante próxima ao Saci-Pererê), possui um olho pequeno e o outro grande (vê com o menor) e tem uma orelha pequena e a outra grande(ouve com a menor). Muitas vezes Aroni é confundido com o próprio Ossaim, que, segundo dizem, também possui uma única perna. Não se pode por isso confundir Ossaim com o Saci-Pererê, que é um personagem do folclore brasileiro. Ossaim é orixá de grande fundamento, que possui uma só perna porque a árvore, base de todas as folha possui um só tronco.



De acordo com a história desse orixá, há uma rivalidade entre Ossaim e Orunmilá, que reflecte, na verdade, a antiga disputa entre os Oníìsegùn – mestres em medicina natural que dominavam o poder das folhas – e os Babalawó – sacerdotes versados nos profundos mistérios do cosmo e do destino dos seres, os pais do segredo.



Ossaim é um orixá originário da região de Iraó, na Nigéria, muito próxima com a fronteira com o antigo Daomé. Não faz parte, como muitos pensam, do panteão Jeje assimilado pelos Nagô, como Nana, Omolú, Oxumaré e Ewá. Ossaim é um deus originário da etnia Ioruba. Contudo, é evidente que entre os Jeje havia um deus responsável pelas folhas, e Ágüe é o seu nome, por isso Ossaim dança bravun e sató, a exemplo dos deuses do antigo Daomé.




Uma confusão latente refere-se ao sexo de Ossaim; é preciso esclarecer que se trata de um orixá do sexo masculino. Entretanto, como feiticeiro e estudioso das plantas, não teve tempo de relacionamentos amorosos. Sabe-se que foi parceiro de Iansã, mas o controvertido relacionamento com Oxóssi, que ninguém pode afirmar se foi ou não amoroso, é o mais comentado.



Na verdade, Ossaim e Oxóssi possuem inúmeras afinidades: ambos são orixás do mesmo espaço, da floresta, do mato, das folhas, grandes feiticeiros e conhecedores dos segredos da mata, da Terra.

terça-feira, 13 de março de 2012

Alguns Órisás da Nação Efon

CONHECIMENTOS SOBRE ALGUNS ORIXÁS
ORISA ESU (EXU)
E"u foi um dos filhos de Orunmilá que veio ao mundo em forma de orixá.
Olodumare, Deus Supremo, mandou Orunmilá vir tomar conta do mundo, das pessoas e das
coisas.
Nessa época havia muitos orixás, mas Esu era o mais corajoso, inteligente e brigão. Nas reuniões
tomava a frente em tudo, e brigava com os outros. Por isso deixavam-no fazer o que quisesse, e
concordavam com tudo que dizia. Assim Esu ficou sendo o braço direito de Orunmilá.
Até hoje os iorubá lembram-se primeiro de Esu em tudo o que fazem, para que ele não atrapalhe, e
tudo dê certo.
Esu é representado por uma estátua de barro, pedra, madeira ou ferro, com dezessete marcas em
forma de olhos, na frente e nas costas. Estas marcas significam a relação Esu/Ifá. Tem ainda sete
marcas de um lado e cinco do outro,
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totalizando doze, possuindo cada uma um significado. Pode-se colocar búzios nas marcas.
O assentamento de Esu é representado por qualquer objeto - imagem, pedra etc., e é colocado no
chão. No dia de assentar esse orixá ou nos dias de ritual em sua homenagem, as pessoas dão
festas e oferecem comidas.
Quando se sacrifica um animal para Esu, jogam-se as oferendas na cabeça da imagem.
Antigamente os devotos de Esu usavam seres humanos para seus sacrifícios, mas esses rituais
foram proibidos há mais de um século.
Há dois lugares específicos para colocar o assentamento: na divisa da cidade (odi ilu), sob uma
cabana de folhas chamada koriko, para proteger todos os habitantes, ou em frente das casas, para
proteger seus moradores. Nunca se pode colocar Esu dentro de casa. É tabu (ewo). O povo diz que
"Esu não tem modos", por isso sua casa deve ficar do lado de fora.
Se não for agradado, Esu faz maldades, por isso sempre é homenageado antes das cerimônias.
Existe uma qualidade, chamada Burukú ou Odaran que é muito mau, e só faz coisas ruins.
Pode-se dar qualquer coisa de presente a Esu: banana, milho, cará, dinheiro, bebidas ou qualquer
outra coisa. Os fazendeiros, ao voltarem de suas terras, quando passam pelo
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assentamento à entrada da cidade, costumam dar uma parte da colheita de presente a Esu.
A única coisa que Esu não aceita é o óleo extraído do caroço do fruto do dendezeiro, chamado adin.
Por exemplo, se uma pessoa quer se vingar de alguém, coloca adin na imagem de Esu em nome
do outro, e pede que ele seja castigado. Se uma pessoa colocar adin, mesmo sem querer, perto da
imagem de Esu, acontece uma série de coisas ruins naquela casa.
Esu pode ser chamado por diversos nomes: Elegbera, Elegbaa, Elegbara, Leegba.
Existem várias qualidades de Esu: Burukú, Odaran - só faz coisas ruins; Ona - Esu do caminho, da
estrada; Ori - Esu da cabeça de cada um; Abenuga - não se assenta mais na Nigéria, porque fazia
acontecer coisas ruins a quem falasse mal da casa onde estava assentado.
O povo acredita que há relação entre Ifá e Esu, e crê que Esu dá filhos a quem não pode procriar.
Quem quer ter filhos procura Ifá e faz um trabalho para Esu, para engravidar. Quando a criança
nasce, recebe um nome em homenagem a Esu:
Esutosin (para agradecer a Esu),
Esubayila (aquele que mandou parar a morte - em caso de abiku);
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Esubiyi (Esu fez nascer este aqui);
Esudayo (Esu dá felicidade); Esubola (Esu dá riqueza), e assim por diante.
As principais cidades nigerianas onde ainda se cultua e homenageia Esu são: Ondo, Ilesá, Ibini,
Ijebú, Abeokutá e Ekití.
ORISA ÒGÚN (OGUM)
Ògún é o orixá da guerra e do ferro. Todos precisamos de Ògún para sobreviver, porque a todo
momento usamos ferro para comer, trabalhar, locomover. Além de orixá também é considerado
mensageiro.
Diz a tradição que Ògún é filho de Tabùtú e Oróninnà. Sua cidade original, para onde foi quando
todos os orixás desceram do céu, é Ile Ife. Era um dos mais importantes caçadores. O que mais
gostava de fazer era caçar. Daí sua estreita relação com Osoosi. Todos os objetos que Osoosi usa
para caçar são oriundos de Ògún.
Conta a história que há muito tempo, quando os orixás desceram para a Terra, encontraram no
meio do caminho uma mata cerrada que não dava para ninguém passar. Orisa'nlá, que vinha à
frente, adiantou-se para abrir caminho, mas sua faca de prata, que era muito frágil, quebrou-se. 103
Ògún, com sua faca de ferro que corta tudo, conseguiu abrir caminho na mata para todos
passarem.
Por esse motivo, quando desceram à Terra, Ògún recebeu em Ile Ife os títulos de Omo Osin -
pessoa importante da cidade, e Osin Imole - importante entre os orixás. Entretanto não quis ser
coroado rei, preferindo usar apenas uma pequena coroa de ferro de nome akòró. Por isso chama-
se Ògún de Alakòró " dono, ou aquele que usa akòró.
Como gostava muito de lutar e caçar, um dia foi para o alto de uma montanha (orioke), onde havia
uma pedreira e uma floresta. Por muito, muito tempo ele ficou no alto da montanha caçando.
Depois de vários meses, já cansado, resolveu voltar a Ile Ife.
A vida na floresta, o isolamento e a convivência com os animais tornaram-no um homem bruto.
Além disso, estava todo sujo, vestido com mariwo, coberto de sangue dos animais que matara. Ao
descer a montanha foi descrito por alguns Babalawo:
Ojo Ògún nti orioke nbo,
Aso ina lo mu bora
Ewu eje lo wo sorún...
(no dia em que Ògún desceu a montanha,
vestia uma roupa de fogo,
estava coberto de sangue...) 104
Esse é um trecho de seu Oriki mais conhecido.
Em vez de ir para sua cidade, mudou de rumo e foi a para Ire, em Ekiti, estado de Ondo. Lá foi muito
bem recebido, deram-lhe comida e bebida. A cidade estava em guerra e Ògún conseguiu livrá-la
dos inimigos. Por esse motivo foi aclamado como Onire - dono da cidade de Ire, nome até hoje
usado como qualidade de Ògún, tanto na Nigéria quanto no Brasil.
A festa de Ògún na Nigéria é realizada uma vez por ano, e dura sete dias. Os preparativos começam
em julho e a festa é realizada em agosto. Vale dizer que ògún em iorubá quer dizer agosto. No dia
da festa todas as pessoas que lidam com metais (motoristas, ferreiros, joalheiros) fazem suas
oferendas e obrigações para Ògún.
No local destinado ao assentamento de Ògún coloca-se ferro e pedra. Na Nigéria sua comida
predileta é cachorro (aja). Come também galinha, obi, cará assado, iyan (purê de cará) e epo. Sua
bebida específica é emu (vinho de palmeira). No seu assentamento coloca-se ada (facão), oko
(enxada), dinheiro, búzios e mariwo.
Esse local deve ficar ao tempo, dentro ou fora da cidade, no meio de um campo. Em geral no meio
de cada cidade há um lugar específico destinado às matanças e
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obrigações para Ògún no dia da sua festa. A família que desejar pode também ter um local próprio
para cultuar Ògún em sua casa. Há dois tipos específicos de tambor para bater para Ògún: bembe
e kalakolo.
No dia da festa é feita uma prece, lembrando os mortos daquele ano. Em seguida são ofertados os
sacrifícios em nome de todas as pessoas da cidade. Depois há um toque de atabaque, que é o
sinal indicando que todos já podem fazer suas obrigações individuais, ao final das quais festejam
com danças, muita comida e bebida. Todos os animais sacrificados são comidos pelos
participantes da festa. Na abertura da festa é feita uma prece, relembrando todos os mortos
daquele ano.
Os caminhos de Ògún são sete (meje) e daí a confusão de, no Brasil, ser dado o nome de Ògún
Meje como uma qualidade. Na Nigéria temos:
Alara - come cachorro e toma conta da cidade;
Onire - dono da cidade de Ire, come carneiro;
Ikola - que faz curas (marcas) e come igbin;
Elemoná - come cará assado;
Gbenagbena - é escultor e come cágado;
Akirún - no assentamento leva chifre de carneiro;
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Makinde - dono da ferrugem. Fica do lado de fora para fazer o mal, do outro lado da divisa das
cidades, ou atrás dos muros das casas.
As cidades nigerianas onde se festeja Ògún são Ondo, Ilesá, Akurs e Ekiti.
ORISA SONPONNO (XAPANÃ)
Sonponno é um orixá muito temido por todos, até por seus filhos. Seu ataque é imprevisível, e o
culto é proibido pelas autoridades.
Conta a lenda que ele nasceu de Yemoja, quando ela, violentada por seu filho Orungan, caiu e se
transformou no rio Ogun.
Outra lenda diz que Sonponno era uma pessoa que envelheceu muito, perdeu uma perna e usava
perna de pau. Em uma festa no céu, ao tentar dançar, caiu e todos riram dele. O orixá então
começou a bater nas pessoas com a perna de pau, e quem ele tocava pegava a doença ilé-igbóná
(terra quente), um tipo de sarampo, que causa a morte.
As pessoas que pegam essa doença fazem uma oferenda no mato, com a roupa que estavam
usando, obi, peixe, igbin e outros animais. Se a pessoa morrer, a família faz o ritual e enterra-a no
mato, chamado igbo-dudu (mato escuro).
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Antigamente seus filhos mandavam a doença, por meio de ebós, para seus inimigos. Como é uma
doença epidêmica, e era muito grande o número de pessoas que a adquiriam, o governo investigou
e descobriu as causas. A partir daí o governo proibiu o culto.
Sonponno era cultuado em Ibadan, Abeokutá, Ijebu, Oyo, Osogbô, Ilesá, Ekiti, Ondo e Lagos.
ORISA SANGO (XANGÔ)
Sango era rei de Oyo, antes de ser orixá. Era filho de Oranyan, e tinha várias esposas, dentre as
quais se destacavam Oya, Oxun e Obá. Sua casa chamava-se eyeo, ou kàtúngá.
Era muito conhecido por sua força e coragem, mas era também muito mau, de causar medo.
Gostava de demonstrar sua força, e quando falava soltava fogo e fumaça pela boca.
Sango tinha ministros, chamados Ijoye. Quando o rei falava, eles deviam ficar calados, porque
quem ousasse falar morreria. Certa vez, dois dos ministros brigaram, e Sango, em vez de resolver a
questão pacificamente, colocou atare (pimenta da costa) na boca, aumentou a briga, até que um
deles morreu.
O povo ficou decepcionado com o rei, e passou a criticá-lo e ficar com raiva dele. Deixaram de
respeitá-lo, nem
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respondiam quando ele falava. E assim Sango perdeu a força e o respeito de todos. Desgostoso,
saiu da cidade sem rumo certo. Para sua decepção ninguém o seguiu. Nem seus fiéis escravos
Oru e Osumare. Só as três principais mulheres foram atrás dele. Mais decepcionado ficou quando
ao olhar novamente para trás, Obá e Osun tinham desistido de segui-lo. Só Oya o acompanhava.
Num ponto da estrada chamado ayan parou e decidiu morrer de uma forma que todos pudessem
ver. Havia uma árvore chamada igi-ayan, e Sango se enforcou. Como o local ficava no caminho da
cidade de Oyo, as pessoas que passavam viam o rei enforcado na árvore e saiam dizendo: "Oba
so!" (o rei se enforcou). A frase se espalhou pela cidade.
Os poucos amigos do rei não gostaram e foram a uma cidade onde se faziam grandes feitiços,
para destruir a cidade de Oyo. Com vento, chuvas, enchentes e incêndios, a cidade quase ficou
totalmente destruída. Os inimigos de Sango, com medo fizeram muitas oferendas, dizendo "Oba ko
so!" (o rei não se enforcou). A situação se acalmou, e Sango passou a ser cultuado como orisa. O
local passou a ser chamado de Koso.
Oya, ao ver o amado morto, virou-se para o norte e de seu corpo começou a sair água. Ela se
transformou no rio Oya (Níger), o terceiro maior rio da África, cujo delta tem nove braços.
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As pessoas encarregadas de cuidar de Sango chamam-se àwòro Sango, ou Onisango. Os mais
graduados chamam-se adosu Sango, e usam um penteado diferencial, com os cabelos presos no
alto da cabeça, em tranças e enfeitados com búzios. Os menos graduados usam roupa branca e os
cabelos trançados para trás, em dias de festa.
Sango é o orIsa do ategún (vento destruidor), ojo (chuva), e ina (fogo). No dia de sua festa é
obrigatório chover, relampejar e cair pedras do céu. Por esse motivo é chamado orIsa Jakutá (briga
com a pedra e solta-a). Quando começa a chover ninguém pode ficar na porta de casa, porque pode
cair um raio. Acredita-se que o raio é mandado por Sango para ir à procura de um ladrão, e se
esbarrar em alguém, pode deixar os adultos paralíticos, e matar as crianças.
Sango come orogbo, (não come obi), galinha, carneiro, galo, cágado, mas sua comida predileta é
amalá.
As cidades onde mais se festeja esse orIsa são: Oyo, Iseyin, Iwo, Ondo, Ilesa, Abeókutá e Ekití.
Quem pede um filho a Sango e consegue engravidar, dá à criança um nome em homenagem ao
orixá:
Sangobiyi - Sango fez nascer este aqui;
Sangowamiwa - Sango veio a mim;
Sangotayo - Sango dá felicidade;
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Sangogbami - Sango me salvou.
Sango Pipe
Há diversos mitos sobre o início do culto a Sango. Entretanto todos concordam com a sua origem
de rei, filho do primeiro alafin de Oyo, e que mais tarde ele também foi um alafin.
Um dos mais importantes aspectos do seu culto é o Sango-Pipe, um tipo tradicional de poesia oral,
para agradar o orixá e inspirá-lo a atender os pedidos de seus filhos. Os artistas cantam seus
versos, contando os feitos do orixá. São orikis cantados. O artista saúda o orixá, seu filho e a família
a que pertence. O canto é acompanhado do batá, tambor específico do orixá. A dança de Sango
chama-se lankú e as pessoas não podem errar os passos no dia da festa.
ORISA YEMOJA (IEMANJÁ)
É o orixá do rio Ogun, na Nigéria, sendo conhecida também como Orisa-Odo, e sua saudação é
"Odo-Iya" - Mãe do Rio. O nome Yemoja significa Yeye-omo-eja - mãe dos peixes.
Alguns mitos dizem que é filha de Obatalá e Oduduwa, outros, que é filha de Olokun, orixá do mar.
Casou-se com Aginju ou Igbo. O fruto do casamento foi Orúngan.
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Era uma mulher honesta, forte e respeitada. Um dia seu filho, já adulto, ficou perturbado - dizem que
foi Esu - e passou a tentar matá-la. Naquela época poucas pessoas entendiam de orixá, e ninguém
sabia o que fazer para Orúngan voltar ao normal. Um dia ele violentou-a e ela com vergonha fugiu
da cidade. O filho seguiu-a para matá-la com uma faca. Antes de ser atingida Yemoja caiu para trás
e morreu.
Dos seus seios brotou muita água, formando òsá, a lagoa. De seu corpo saíram muitos orixás:
Olosá, Olokun, Osoosi, Osun, e outros menos conhecidos.
O culto desse orixá é realizado principalmente nas cidades de Iró, Idi-Iroko e Mokoloki, onde é feita
uma grande festa. São cidades circundadas por rios, e para ir a outras localidades é necessário
usar canoas ou barcos. Se alguém cai no rio, pedem a Yemoja para não deixar a pessoa morrer.
Esse culto se prende à seguinte lenda: Todos os anos, na mesma época, sempre no mesmo local,
virava um barco e morria muita gente. Os habitantes do local chegaram à conclusão de que era
preciso fazer uma oferenda para o orixá do rio. O maior babalawo da região jogou e Ifa pediu que
fosse ofertado um barco cheio de presentes para Yemoja.
A festa é realizada perto do final do ano. O barco é chamado Opon Yemoja, e nele são colocados
todos os tipos de presente que agradam o sexo feminino: perfumes, espelhos, pentes etc.
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Quando alguém quer pedir ou agradecer alguma coisa a Yemoja, oferece sua comida predileta:
egbo (canjica), colocada num local de culto a Yemoja, construído na beira de um rio.
O local destinado às oferendas de Yemoja fica situado na beira do rio. Lá são entregues comidas e
presentes. Uma vez por ano o povo oferece um barco cheio de presentes a Yemoja, para evitar que
os barcos afundem no rio. Daí surgiu o costume brasileiro de oferecer a Yemoja barcos com
presentes.
ORISA-NLÁ-OBÀTÁLÁ-OSANLÁ (OXALÁ)
Obatalá é uma das mais antigas divindades criadas por Olodumare. É o orixá que comanda os
outros, tem a posição mais alta entre todos.
Seu culto é muito divulgado em toda a terra iorubá, e é chamado por diversos nomes, dependendo
da localidade. Em Ile Ife, Ibadan e outros locais é chamado de Orisa-nlá. Em Igbomoso é chamado
de Orisa Pópó. Em Ejigbo, Orisa Ìjàyè. Em Ugbo, Orisa Onile. Enbora os nomes sejam diferentes, o
modo de cultuar é o mesmo.
Acredita-se que tem o poder de fazer seus filhos ficarem prósperos, dando-lhes bens materiais.
Diz-se: Ó gbé omo re, ó so o daje; ó nì kí won rerìnìn, won rerìnrìn. (Ele fica 113
ao lado de seus filhos e torna-os prósperos; dá-lhes motivo para rir e eles riem).
O nome Obatalá significa Oba-ti-ala - Dono do Alá, Dono da Roupa Branca. Orisa-nlá significa
Orisa-ti-o-nlá - Santo Grande, ou Rei Maior.
Orisa'nlá é considerado o pai de todos nós. Foi escolhido por Olodumare para ajudá-lo a criar os
seres humanos, moldando rostos, membros etc., dando-lhes forma. Por sua posição junto a
Olodumare, tem o título de Igbakejí - Segundo da Criação. Por causa da sua obra tem o título de
Aterere-Kaye - Criador, ou ainda Eledá.
Mais ainda, é famoso por sua pureza. Mora em um lugar muito limpo, todo branco, e se veste de
branco.
As pessoas o saúdam:
Bàntà, Bàntà n'nu àlà!
Ó sùn n'nu àlà
Ó jí n'nu àlà
Ó tinú àlà dìde
Ba "nlá! oko Yemòwó!
Òrisa wù mi ní bùdó!
Ibi rè l'orìsa kale
(Imenso de roupas brancas! Dorme de roupa branca, acorda de roupa branca. Ele levanta de roupa
branca. Venerável Pai! Esposo de Yemòwó! Me deleita seu modo de ser! É maravilhoso o lugar
onde le fica no trono).
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Dá filhos às mulheres estéreis, e molda as crianças quando ainda estão na barriga da mãe. É
costume dizer-se à futura mãe: "Possa Orisa'nlá fazer uma boa obra de arte." O povo reza para que
Orisa'nlá mostre o bom caminho às mulheres grávidas de suas famílias.
Orisa'nlá tem o poder de tornar seus filhos prósperos, fazendo-os aumentar e multiplicar seus bens
materiais. Diz-se que "Ele fica ao lado de seus filhos e torna-os prósperos. Dá-lhes motivo para rir,
e eles riem."
Olodumare, ou Alase, o Dono do Ase, o Criador, fazia as pessoas como estátuas: um boneco de
barro sem detalhes, só a forma externa. Conta-se que era Obatala quem fazia os olhos, nariz, boca,
membros, etc. Esta foi a tarefa que ele recebeu de Olodumare.
Por moldar os seres humanos é ainda chamado Alamorere - o Dono do Barro que é Bom. É ainda
chamado Adimula - aquele que dá a riqueza e a segurança de vida, porque ele dá paz, alegria e
força aos que nele se apoiam.
Orisa'nlá é um orixá famoso por sua pureza. Fica num local muito limpo, todo branco, e veste-se de
branco. Para explicar por que algumas pessoas são feias e deformadas, os iorubá dizem que os
àfín (albinos), iràrá (anões), asukè (corcundas), aró (aleijados) e odi (mudos) são criados assim
para serem dedicados a Orisa'nlá. Foi neles que o orixá mostrou sua força. São considerados
"separados para o
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orixá". Acredita-se que faz seres defeituosos para, ao vê-los, as pessoas agradecerem por terem
nascido perfeitas.
Atualmente a maior comemoração desse orixá é feita em Igbo, bairro de Iranje. No local destinado a
seu culto há estátuas de homens a cavalo portando espadas. Seus sacerdotes têm poderes sobre
cobras, rãs, peixes e panteras.
A tradição oral diz que Orisa'nlá viveu na Terra e casou-se com uma só mulher, Yemowo, boa,
sincera e honesta, que não era orixá. Algumas lendas dizem que se casou com Oduduwa, outras,
com Nanã, e em algumas tanto Obatalá como Oduduwa são andróginos.
Obatalá e Oduduwa são representados por uma cabaça fechada pintada de branco, sendo Obatalá
a parte de cima - o céu e Odudua a de baixo - a Terra.
Orisa'nlá não gosta de brigas, desentendimentos nem de coisas sujas. Tudo que diz respeito a ele
deve ser limpo por fora e por dentro, e seus filhos devem ser também honestos e corretos. Podem
usar roupa de qualquer cor, mas é preferível que seja branca. As mulheres usam colares de contas
brancas foscas chamados seseefun, argolas e pulseiras de metal branco. A água para as
obrigações de Orisa'nlá tem que ser do mesmo dia. Todos os dias, tem que ser colocada água do
rio, apanhada de manhã cedo. Essa água deve ser apanhada por uma moça virgem, ou por uma
mulher velha que não tenha tido filhos. Ao voltar do rio ela
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vem batendo um agogô, para avisar que a mensageira do orixá vem vindo, e as pessoas devem
virar de costas. Ninguém deve lhe dirigir a palavra e ela não pode falar com ninguém.
Orisa'nlá não gosta de osun (pó vermelho) nem epo (azeite de dendê). Não aceita sangue de bicho
nenhum, só o líquido branco do igbin (sangue branco). A comida de Orisa'nlá não deve levar sal
nem pimenta. Além de igbin, oferece-se orogbo, côco, egbo, eko funfun (acaçá) em número de 16
ou 32, enrolados numa folha de ewe-iran (árvore nigeriana), iyan (purê de cará), e obe funfun - sopa
feita com ori. O ori, na Nigéria, é uma manteiga vegetal, tirada de uma árvore chamada shea, ou de
algodão.
Nas obrigações colocam-se búzios, mel, e um eiyele funfun (pombo branco). Tiram-se algumas
penas do pombo, só para enfeitar, e o animal é solto, não é sacrificado.
No dia da festa todos se vestem de branco. As mulheres usam torso e os homens filá. Todos usam
contas brancas no pescoço. Nas cerimônias a água é distribuída entre os devotos, e acredita-se
que torna as mulheres férteis, e faz muitos outros milagres.
Para louvar sua grandeza os iorubá cantam:
Eni s'oju s'emu
Orisa ni maa sin
Ada ni bo ti ri
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Orisa ni maa sin
Eni ran mi w'aiye
Orisa ni maa sin
(Aquele que fez os olhos e a boca, é o orixá que vou adorar. Quem cria como quiser, é o orixá que
vou adorar. Criador que me mandou para o mundo, é o orixá que vou adorar).
ORISÁ OKO
Orisa Oko era um ser humano que, por ser muito forte, ao morrer transformou-se em orixá. Seu
nome era Ogunjemini, e era caçador. Não caçava feras, nem grandes animais. Só caçava um
pássaro de nome etú, que tinha iye (penas) brancas e pretas. Oko, por essa característica, ficou
conhecido no mundo todo. Ao envelhecer transformou-se num importante babalawo, e sabia fazer
um ebo muito poderoso, chamado afose.
O feitiço consistia em juntar determinadas folhas, algodão usado, camaleão, eko, oju-omi (planta
aquática), sabão da costa e outros ingredientes, dentro de um chifre de antílope. Quem tivesse
esse chifre, ao tocá-lo com a boca e falar com as pessoas elas passariam a lhe obedecer.
Com sua força, Oko dominou as bruxas, e transformou-se numa árvore chamada ìpóió, onde elas
eram punidas. A árvore tinha um buraco onde eram colocadas as suspeitas. Se
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fosse bruxa, só saía a cabeça, se não fosse, a pessoa saía inteira.
A festa desse orixá é realizada uma vez por ano, na época da colheita do cará. O povo só come o
cará novo depois que os filhos do Orisa Oko o comerem. Quem desobedece é castigado e seu
pescoço incha como uma bola.
No dia da festa as pessoas pintam o rosto com efun. O assentamento desse orixá fica em casa ou
no mato. É no mato que se faz o primeiro ritual coletivo, antes das obrigações individuais. Depois
todos se reúnem para dançar nas ruas. As pessoas que pedem dinheiro e filhos ao orixá e os que
conseguem, dão nomes para homenageá-lo, como Oosàfunmi, Abórìsàde, Ooségbèmi.
Orisá Gulutu
É um pequeno orixá que mora na frente da casa do orixá Oko. É em sua casa que as mulheres
fazem as oferendas, antes de comer o cará do orixá Oko. Em seguida levam purê de cará e cará
novo, dentro de uma cabaça branca enrolada num pano branco, e percorrem as ruas da cidade.
Quem carrega a comida é a esposa do orixá Oko, que é escolhida por ele entre suas devotas. É
sempre uma mulher alta e robusta, do tipo que ele gostava quando era ser humano.
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ORISÁ IBEJI
Chama-se ibeji quando a mãe dá à luz duas crianças de uma vez, independente do sexo.
Antigamente não havia gêmeos. Quando nasceram pela primeira vez, as pessoas ficaram
assustadas, com medo, pois acharam que era um a coisa diferente. O povo tinha até medo de ir
visitar os gêmeos. Por causa desse medo, todos começaram a dar muitos presentes, comidas,
fazer trabalhos etc. e assim Ibeji virou orixá. Orisa Ibeji é quem protege e cuida dos gêmeos que
nascem.
Em Ondo, antes da colonização inglesa, as pessoas tinham tanto medo de ter filhos gêmeos, que
matavam um ao nascer, para ninguém ficar sabendo. Felizmente esse costume acabou.
Por terem sido transformados em orixá os gêmeos passaram a ser muito respeitados. Quando
morre um gêmeo, a família faz uma imagem de madeira representando-o para o outro não ficar
sozinho. Acreditam que, se não fizer isso, o morto vem buscar o outro. Tudo que se faz ou se dá
para o vivo, dá-se e faz-se também para a estátua, seja roupa, comida, etc.
Na Nigéria dá-se uma grande festa quando nascem gêmeos. Há sempre muita comida, muita
bebida e muita dança. Não pode faltar feijão branco cozido (ewa) e azeite de
120
dendê. Fazem bacias cheias de feijão cozido com sal e epo, e todos comem da própria bacia, com
a mão.
No dia da festa de Ibeji, a mãe ou outra pessoa que tenha tido gêmeos abre as comemorações,
presenteando Esu, para tudo correr bem.
Todos comem, cantam e dançam:
Epo mbe ewa mbe o, (bis)
Aiya mi ko ja, o ni'ye
Aiya mi ko ja lati bi'beji o
Epo mbe ewa mbe o!
"Tendo dendê e feijão, não tenho medo de parir gêmeos, tendo dendê e feijão."
A mulher, ao parir gêmeos, sai à rua com as crianças no colo, dançando e cantando de porta em
porta, e ganhando presentes em todas as casas. Antes ela consulta Ifá, porque alguns Ibeji não
querem a comemoração.
Uns preferem que a mãe reúna todos os presentes e os venda na rua, feito camelô, para juntar
dinheiro. Geralmente faz-se isso no dia do batizado.
Orisa Ibeji faz a pessoa enriquecer, melhorar de vida, e ganha sempre muitos presentes como
agradecimento. Os presentes que se podem dar a Ibeji são brinquedos, roupas, comida, mas
sempre em dobro.
Os gêmeos devem chamar-se sempre Taiwo e Kehinde. O primeiro a sair é Taiwo (to-aiye-wò) -
que significa
121
"provar o mundo para ver", e o segundo chama-se Kehinde, "o que vem depois". É considerado o
mais velho, embora nasça por último, e manda no irmão. Acredita-se que Kehinde manda o irmão
sair na frente para provar o mundo e ver como é. Se Taiwo chorar, é porque o mundo é doce como
mel.
Quando a mulher engravida após ter gêmeos, o filho seguinte deve sempre se chamar Idowu,
considerado Esu de Ibeji. Todas as vezes que alguém dá um presente para os gêmeos, dá
também para Idowu.
A cidade onde mais se festeja orixá Ibeji é Àgbádárìgì, no bairro de Isokun.
Na Nigéria faz-se ebó para Ibeji de 8 em 8 dias. Ibeji come tudo, mas a comida predileta é: feijão
cozido, acará, ekuru, acaçá, doces, cana, frangos, obi, peixes, ratos, igbin, epo e sal, sempre em
dobro.
No Brasil, nas casas de culto, faz-se tudo em dobro para Ibeji. Colocam-se as oferendas em dois
pratos separados. Em algumas regiões, dão-se doces, brinquedos, em outras, caruru.
ODÙDÙWÀ - ODÙWÀ (ODUDUA)
Recentemente os historiadores vêm tentando mostrar que é um mito a participação de Odùdùwà na
criação do mundo.
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Da mesma forma o seu sexo é motivo de discussão. Seria "a Grande Mãe" ou o "Grande
conquistador"?
Apesar de ter havido muito exagero em torno desse orixá, as evidências mostram que ele realmente
existiu e teve grande influência na formação do grupo iorubá, representando a conquista do povo
por invasores.
Os mitos de Odùdùwà são agrupados em duas versões principais: cosmológica e política. A
cosmológica descreve-o como orixá, e narra como atingiu uma posição superior aos demais
deuses. Conta-se que desceu do céu e criou a Terra em Ile Ife, cidade considerada pelos iorubá
como centro do mundo e da civilização.
A versão política diz que Odùdùwà veio do leste e se estabeleceu em Ile Ife, lutando contra os seus
antigos habitantes, um grupo Igbo, e conquistado a cidade.
Ambas as versões reconhecem a existência de uma civilização anterior à chegada de Odùdùwà.
Pela versão cosmológica Olodumare mandou Obatalá, que era rival de Odùdùwà, para criar o
mundo. Entretanto este embebedou-se com vinho de palmeira, e descuidou-se. Olodumare
mandou então Odùdùwà, que criou a Terra, deixando Obatalá fazer os seres humanos. Com o
hábito de beber, Obatalá às vezes se descuidava e fazia criaturas "diferentes" - corcundas, albinos,
etc.
123
ORISA AGEMO (AGEMÓ)
Agemo era uma pessoa muito importante, que virou orixá. Conta a historia que ele envelheceu
muito, e em vez de morrer foi para o mato e desapareceu. Até hoje é muito festejado na cidade de
Ijebu, seu local de origem.
Tradicionalmente as mulheres e crianças não podiam sair à rua no dia da festa desse orixá, pois
quem o encontrasse morreria. Até hoje existe esse costume. As mulheres fazem suas compras
antes da festa, porque naquele dia não podem sair.
Se uma mulher de outra cidade encontrar o orixá, deve cobrir o rosto, e será perdoada. As mulheres
da cidade, que desejarem fazer-lhe pedidos, também devem ir ao seu encontro com o rosto
coberto. Acredita-se, entretanto, que se alguma mulher for ao seu encontro apenas por curiosidade,
ela morrerá.
O chefe do culto de Agemo chama-se Nopa ou Ologà. Seus filhos sempre usam a cabeça raspada.
O orixá veste mariwo sobre uma roupa fina. Ele é arrumado no mato, num lugar a ele destinado
chamado Agbo-Agemo, e vem direto para o palácio, abençoar o rei. Durante a festa ele sempre faz
um ritual para acabar com algum problema grave da cidade, como doenças epidêmicas. Em caso
de extrema necessidade ele vem à cidade mesmo sem ser o dia da festa.
124
Acredita-se que as pessoas que querem ver Agemo devem ficar de joelhos. A sombra do orixá
aparece no céu. As pessoas têm medo de chamá-lo ao vivo para conversar ou receber sua bênção.
Além de Ijébu, esse orixá é festejado também em Musin, Odogbolu, Ago-Iwoye, Ode e outras
cidades menores.
ORISA ELÀ (ELÁ)
Elá é um orixá masculino. A história relaciona-o a Orunmilá. Alguns dizem que Elá era filho de
Agbonnirègún. Outros que era amigo de Orunmila e filho de Olúorogbo. É considerado um dos
orixás mais conceituados e inteligentes.
A festa desse orixá é realizada 16 dias antes da festa de Orunmilá. Tanto na festa de Orunmilá
quanto em seu oriki menciona-se Elá. Além disso, há relação entre as oferendas feitas aos dois
orixás, que são entregues no mesmo local.
Acredita-se que Elá veio a Terra para corrigir as falhas dos povos. Por isso era chamado de
Alatunse Ìle-Aiye. Era muito calmo, e sua presença acalmava as pessoas, em qualquer lugar onde
estivesse.
Era um pacificador dos povos. Sua missão na Terra era acabar com as lutas entre eles, mas
depois de todos os atos de bondade que praticou, os povos se voltaram contra ele. Ao
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perceber isso, mandou descer uma corda do céu e subiu por ela, deixando a Terra para sempre.
Depois de sua partida os problemas entre os povos recomeçaram, e eles voltaram a sofrer.
Imploraram a Elá para voltar, mas ele nunca mais regressou.
ORÚNMILÀ - O ORISÁ DO ORÁCULO
Orunmilá é uma das principais divindades dos iorubá. É a divindade do oráculo, o segundo em
importância depois de Olodumare. No dia da criação estava junto a Olodumare, e este lhe disse
tudo que tinha criado. Muito inteligente, aprendeu tudo, e as pessoas passaram a lhe pedir
orientação.Um de seus títulos é Ibìkéjì Èdùmàrè - o segundo em importância, logo a seguir a
Olodumare.
Foi enviado por Olodumare, junto com Obatalá, para orientá-lo na missão de criar a Terra e os
seres humanos.
Depois da criação do mundo Orunmilá passou a andar livremente entre o céu e a Terra, servindo de
conselheiro. Um orixá que tem condições de pedir a Olodumare pelos homens, para evitar ou
modificar situações desagradáveis.
Foi intitulado Gbaiye-Gborun - aquele que vive no céu e na Terra.
126
O método pelo qual o oráculo é interpretado chama-se IFÁ.
Ifá não é a divindade do oráculo, é o próprio oráculo. A divindade do oráculo, reconhecida como
privilegiada com o conhecimento e a sabedoria é Orunmilá.
O nome Orunmilá significa Orun-mo-olá - "O céu conhece o amanhã", ou Orun-mo-eniti-o-máa-la -
"O céu sabe quem vai ficar rico", ou "O céu sabe quem vai sobreviver".
Recebeu de Olodumare força para transmitir a todo o povo a palavra dele, e participou da criação do
mundo. Por isso é chamado de Eleri Ipin - Testemunha de Olodumare. Além de inteligente e bom,
Orunmilá não mente. O que Ifá diz hoje, repete daqui a dez ou cem anos. É também conhecido por
Okítírípì - o que tem meios para se comunicar e pedir a Olodumare.
A noz do caroço de dendê, chamada ekuro, é considerada o próprio Orunmilá. Antigamente quando
se achava um ekuro não se podia dizer que era Ifá nem que era Orunmilá, senão a pessoa era
castigada com a morte.
No céu seus pais eram Òrokó (pai) e Alájeru (mãe). Seus pais da Terra moravam em Oke-Igeti, e
seu pai chamava-se Àgbonnìregún.
Ao descer do céu esteve nos seguintes locais: Usi em Ekiti, Ado em Ibini, Òbókún em Ilésá e Ile-Ife
em Oyo, onde
127
resolveu ficar. Por esse motivo podemos achar referências a Orunmilá como Ara-U"i, Ara-Ado, Ara-
Òbókún ou Ara-Ife, que significa "pessoa nascida nessas cidades".
" IFÁ

Ògún (Ogum)


Ògún é o orixá da guerra e do ferro. Todos precisamos de Ògún para sobreviver, porque a todo
momento usamos ferro para comer, trabalhar, locomover. Além de orixá também é considerado
mensageiro.
Diz a tradição que Ògún é filho de Tabùtú e Oróninnà. Sua cidade original, para onde foi quando
todos os orixás desceram do céu, é Ile Ife. Era um dos mais importantes caçadores. O que mais
gostava de fazer era caçar. Daí sua estreita relação com Osoosi. Todos os objetos que Osoosi usa
para caçar são oriundos de Ògún.
Conta a história que há muito tempo, quando os orixás desceram para a Terra, encontraram no
meio do caminho uma mata cerrada que não dava para ninguém passar. Orisa'nlá, que vinha à
frente, adiantou-se para abrir caminho, mas sua faca de prata, que era muito frágil, quebrou-se. 103
Ògún, com sua faca de ferro que corta tudo, conseguiu abrir caminho na mata para todos
passarem.
Por esse motivo, quando desceram à Terra, Ògún recebeu em Ile Ife os títulos de Omo Osin -
pessoa importante da cidade, e Osin Imole - importante entre os orixás. Entretanto não quis ser
coroado rei, preferindo usar apenas uma pequena coroa de ferro de nome akòró. Por isso chama-
se Ògún de Alakòró " dono, ou aquele que usa akòró.
Como gostava muito de lutar e caçar, um dia foi para o alto de uma montanha (orioke), onde havia
uma pedreira e uma floresta. Por muito, muito tempo ele ficou no alto da montanha caçando.
Depois de vários meses, já cansado, resolveu voltar a Ile Ife.
A vida na floresta, o isolamento e a convivência com os animais tornaram-no um homem bruto.
Além disso, estava todo sujo, vestido com mariwo, coberto de sangue dos animais que matara. Ao
descer a montanha foi descrito por alguns Babalawo:
Ojo Ògún nti orioke nbo,
Aso ina lo mu bora
Ewu eje lo wo sorún...
(no dia em que Ògún desceu a montanha,
vestia uma roupa de fogo,
estava coberto de sangue...) 104
Esse é um trecho de seu Oriki mais conhecido.
Em vez de ir para sua cidade, mudou de rumo e foi a para Ire, em Ekiti, estado de Ondo. Lá foi muito
bem recebido, deram-lhe comida e bebida. A cidade estava em guerra e Ògún conseguiu livrá-la
dos inimigos. Por esse motivo foi aclamado como Onire - dono da cidade de Ire, nome até hoje
usado como qualidade de Ògún, tanto na Nigéria quanto no Brasil.
A festa de Ògún na Nigéria é realizada uma vez por ano, e dura sete dias. Os preparativos começam
em julho e a festa é realizada em agosto. Vale dizer que ògún em iorubá quer dizer agosto. No dia
da festa todas as pessoas que lidam com metais (motoristas, ferreiros, joalheiros) fazem suas
oferendas e obrigações para Ògún.
No local destinado ao assentamento de Ògún coloca-se ferro e pedra. Na Nigéria sua comida
predileta é cachorro (aja). Come também galinha, obi, cará assado, iyan (purê de cará) e epo. Sua
bebida específica é emu (vinho de palmeira). No seu assentamento coloca-se ada (facão), oko
(enxada), dinheiro, búzios e mariwo.
Esse local deve ficar ao tempo, dentro ou fora da cidade, no meio de um campo. Em geral no meio
de cada cidade há um lugar específico destinado às matanças e
105
obrigações para Ògún no dia da sua festa. A família que desejar pode também ter um local próprio
para cultuar Ògún em sua casa. Há dois tipos específicos de tambor para bater para Ògún: bembe
e kalakolo.
No dia da festa é feita uma prece, lembrando os mortos daquele ano. Em seguida são ofertados os
sacrifícios em nome de todas as pessoas da cidade. Depois há um toque de atabaque, que é o
sinal indicando que todos já podem fazer suas obrigações individuais, ao final das quais festejam
com danças, muita comida e bebida. Todos os animais sacrificados são comidos pelos
participantes da festa. Na abertura da festa é feita uma prece, relembrando todos os mortos
daquele ano.
Os caminhos de Ògún são sete (meje) e daí a confusão de, no Brasil, ser dado o nome de Ògún
Meje como uma qualidade. Na Nigéria temos:
Alara - come cachorro e toma conta da cidade;
Onire - dono da cidade de Ire, come carneiro;
Ikola - que faz curas (marcas) e come igbin;
Elemoná - come cará assado;
Gbenagbena - é escultor e come cágado;
Akirún - no assentamento leva chifre de carneiro;
106
Makinde - dono da ferrugem. Fica do lado de fora para fazer o mal, do outro lado da divisa das
cidades, ou atrás dos muros das casas.
Orisá Ogun é originario de Ekiti,ou seja onde saiu o Culto da Nação Efón.Conseuqntimente o seu
toque Adahun,que é o toque de todos guerreiros porem em especial Ogun.Então nao existe e nem
tem porque dizer que as cantigas ou tal toque é do Orisá Ogun.Se buscarmos bem a origem de
alguns Orisas veremos que seu culto sao origirario de Ekiti,como Ondo,Ire,Ira,Ilesá e outros!
As cidades nigerianas onde se festeja Ògún são Ondo, Ilesá, Akurs e Ekiti.

Oyá Igbalé


Certa vez houve uma festa com todas as divindades presentes.
Omolu-Obaluaê chegou vestindo seu capucho de palha.
Ninguém o podia reconhecer sob o disfarce e nenhuma mulher quis dançar com ele.
Só Oiá, corajosa, atirou-se na dança com o Senhor da Terra.
Tanto girava Oyá na sua dança que provocava o vento.
E o vento de Oyá levantou as palhas e descobriu o corpo de Obaluaê.
Para surpresa geral, era um belo homem.
O povo o aclamou por sua beleza.
Obaluaê ficou mais que contente com a festa, ficou grato.
E, em recompensa, dividiu com ela o seu reino.
Fez de Oyá a rainha dos espíritos dos mortos, Rainha que é Oiá Igbale, a condutora dos eguns.
Oiá então dançou e dançou de alegria.
Para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, quando ela dança agora, agita no ar o iruquerê, o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo.
Rainha Oyá Igbale, a condutora dos espíritos.
Rainha que foi sempre a grande paixão de Omolu.

[ Lenda 179 do Livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi ]

segunda-feira, 12 de março de 2012

Dono e Administradores do Blog

Bom  pra quem não sabe eu sou o Dono do Blog - Candomblé - Nação de Todos meu nome e Gabriel :D
Os ADM'S são
Jonathan (Jhow-Jhow) Ty' Ògún
Renata (Reeh) Ty' Oyá
Diego (Dinho) Ty' Ògún
Por iguando são esses o pessoal que vai coloca esse Blog pra frente

Cargos no Candomblé



  • Olóyès , Ogás e Àjòiès
  • Iyalorixá/Babalorixá: Mãe ou Pai em Orixá, é o posto mais elevado do ILê; tem a função de iniciar e completar o ato de iniciação dos olorixás.
  • Iyaegbé/Babaegbé: É a conselheira ou conselheiro responsável pela manutenção da Ordem, Tradição e Hierarquia. Posto somente dado a egbomis muito antigas.
  • Iyalaxé: Mãe do axé, a que distribui o axé. É quem escolhe os Oloyes de acordo com as determinações superiores.
  • Iya kekere ou baba kekere: Mãe pequena e Pai pequeno do axé ou da comunidade. Sempre pronta a ajudar e ensinar a todos no Ilê, substituto evenual da Iyá ou Babalorixá.
  • Ojubonã ou Ajibonan: É a mãe ou pai /que criam e são responsáveis pela reclusão do iyawo.
  • Iyamoro: Responsável pelo Ipadê de Exú. Junto com a Agimuda, Agba e Igèna.
  • Iyaefun/Babaefun: Responsável pela pintura dos Iyawos.
  • Iyadagan: Auxilia a Iyamoro e vice-versa. Também possui sub-postos Otun-Dagan e Osi-dagan.
  • Iyabassé: Responsável no preparo dos alimentos sagrados. Todos Olorixás podem auxiliá-la, sendo ela a única responsável por qualquer falha eventual.
  • Iyarubá: Carrega a esteira para o iniciando. E usa toalha de Orixá no ombro.
  • Aiyaba Ewe: Responsável em determinados atos em obrigações de “cantar folhas”.
  • Aiybá: Bate o ejé em grandes obrigações. Tem sub-posto Otun e Osi.
  • Ològun: Cargo masculino, despacha aos Ebós das grandes obrigações, a preferência é para os filhos de Ogun, depois Odé e Oluwaiyê.
  • Oloya: Cargo feminino, despacha os Ebós das grandes obrigações, na falta de Ològun. São filhas de Oya.
  • Mayê: Mexe com as coisas mais secretas do Axé, ligadas a iniciação do Adoxú.
  • Agbeni Oyê: Posto paralelo a Mayê, divide a mesma causa.
  • Olopondá: Grande responsabilidade na inicição, no âmbito altamente secreto ligado a Oxun.
  • Kólàbá: Responsável pelo Làbá, simbolo de Xângo.
  • Ajimuda: Ajuda a Yamoro com o Ipadê de Exú. Titulo usado no culto de Oya e Geledé, também é um cargo que cuida da casa de Omolú.
  • Iyatojuomó: Responsável pelas crianças do Axé.
  • Iyasíhà Aiyabá: é quem segura o estandarte de Oxalá.
  • Sarapegbé: Mensageiro de coisas civis e de awo.
  • Akòwe: É a Secretária da casa da administração e compras.
  • Babalossayn: Responsável pela colheita das folhas. Cargo de extrema importância.
  • Axogun: Responsável pelos sacrifícios, Ogan de Ogun. Não pode errar. Responsável direto pelos sacrifícios do ínicio ao fim do ato. Soberano nestas obrigações, é quem se comunica com o Orixá para quem se destina a obrigação, transmitindo à Iyalaxé as respostas e mandamentos. Deve ser chamado de Pai. E também possui sub-posto Otun e Osi.
  • Ogalá Tebessê: Dono dos toques, cânticos e danças. Trabalha em conjunto com o Alagbê, possui sub-posto Otun e Osi.
  • Iyá Tebexê: responsavel e porta voz do Orixá patrono da casa.
  • Alagbê: Responsável pelos toques rituais, alimentação, conservação e preservação dos Ilùs, os instrumentos musicais sagrados. Se um autoridade de outro Axé chegar ao Ilê, o Alagbê, tem de lhe prestar as devidas homenagens “dobrar o Ilù”. Também possui sub-posto Otun e Osi.
  • Alagbá: Ambito civil do Axé.
  • Àjòiè: Camareira do Orixá. O mesmo que Ekédi.
  • Ojuoba: Posto de honra no Ilê Xangô e possui sub-posto Otun e Osi.
  • Mawo: Grande confiança.
  • Balógun: Título ligado ao Ilê Ogun.
  • Alagada: Ogan que cuida das ferramentas de Ogun.
  • Balóde: Ogan de Odé.
  • Aficodé: Chefe do Aramefá (6 corpos) ligado ao Ilê Odé.
  • Ypery: Ogan ou Àjòiè de Odé
  • Alajopa: Pessoa de Odé, que leva a caça para ele.
  • Alugbin: Ogan de Oxalufan e Oxaguian que toca o Il¦ù dedicado a Oxalá.
  • Assogbá: Ogan ligado ao Ilê Omolú e cultos de Obaluaiye, Nanã, Egun e Exú.
  • Alabawy: Pessoa que trabalha na área jurídica e que cuida dos interesses civis do Axé.
  • Alagbede: Pessoa que trabalha no ramo de ferro e metais e forja as ferramentas do Axé.
  • Elémòsó: Ogan ou Àjòiè de Oxaguian, ligados ao Ilê Oxalá etoda sua edumentária.
  • Oba Odofin: Ligado ao Ilê Oxalá.
  • Iwin Dunse: Ligado ao Ilê Oxalá.
  • Apokan: Ligado ao Ilê Omolú.
  • Abogun: Ogan que cultua Ogun.
  • Iyá Otun / Babá Otun: braço direito do zelador, pessoa de confiança do zelador. Iyá Osí / Babá Osí: braço esquerdo zelador, pessoa de confinça mdo zelador. Asògbá- Homem responsável pelo quarto de Omolú Obs: Todos os cargos são intransferíveis, uma vez dado através da confirmação no jogo de Orunmilá e o Orixá da casa, não podem mais serem retirados, os cargos são vitalícios e confirmados em orô interno, só podem serem substituídos na morte da pessoa.Existem cargos transitórios dados pelos zeladores e não estão aqui descritos.

EFON, UMA CASA, UMA NAÇÃO

Efón uma nação oriunda das terras de Ekití – Africa, se escreve Efón e se pronuncia Efan, que significa Oxun,ela a grande Rainha do Axé junto com Obá Oloroke..Uma nação antiga, mas suas origens são pouco conhecidas….
Nesse espaço, venho falar um pouco sobre a minha nação

Asé Oloroke Ti Efón

Efon é uma nação grande e com grandes orixás. Na África a nação ainda existe, e lá ainda cultua-se muitos orixás que se perderam no caminho para o Brasil. Devido a influência Keto, a nação de Efon, perdeu um pouco de sua raiz que hoje tento resgatar.
De uma forma simples e resumida tentaremos contar a história da casa que é o berço dos Efon no Brasil. O “Asé Yangba Oloroke ti Efon” ou simplesmente como é chamado o Terreiro do Oloroke, situado à Rua Antonio Costa (antiga travessa de Oloke) nº 12, no bairro do Engenho Velho de Brotas – Salvador – Bahia, para que quando alguém ouvir falar de nosso Axé, saibam quem somos e de onde viemos.
Em primeiro lugar, vamos à origem na África, mais exatamente em Ekiti-Efon ( não confundir com Ifon, a terra de Oxalufon ), aqui no Brasil usa-se o termo “Lokiti Efon”, e onde reina absoluta aquela que é a rainha da nação no Brasil, Efon, ou seja, Oxun. Pois é bom esclarecer que Oxun, nossa matriarca, é nascida em Ekiti-Efon, onde ela era considerada a mãe de Logum Edé, Yemanjá e do Awujale de Ijebu-Ere, no estado de Ekiti (Onadele Epega). Para concluir podemos traduzir o nome da divindade Efon dos tempos Lailai como sendo Oxun, nome de seu rio e onde guardava seus tesouros, companheira inseparável de Olorokê que é seu pai, ficando assim esclarecido o porque da casa chamar-se terreiro do Oloroke e Oxun ser a dona do Axé, sendo ele louvado juntamente com Oxun nos nossos principais ritos.
Pois bem, foi desta localidade, que veio para o Brasil na condição de escravos por volta de 1850, o fundador da nação no Brasil, um Tio Africano chamado José Firmino dos Santos, mais conhecido como, Tio Firmo (Oxum Tadê), que veio da região de Ijesá que inclui Adô Ekiti, Ifon, Akurê, Ilesa, Ikirê, Ekiti Efon etc. Sua cidade natal seria Ilesá, na antiga Ijesá onde foi iniciado para Oxum, e foi na cidade de Ifon que ele se iniciou em Ifá e recebeu o nome de Baba Erufá.

Maria Bernadina da paixão (Iya Adebolu)

Juntamente com ele, veio uma princesa do Ekiti-Efon , de nome Maria da Paixão (Adebolu), mais conhecida como Maria Violão. Trouxe como orixá particular, rei da nação, Olorokê (Aquele que é cultuado no alto). Como Adebolu, seu nome, significa A coroa que cobre a terra, símbolo real por excelência.
Por volta de 1860 Tio Firmo e Maria Bernarda fundam o Axé Oloroke no engenho velho de Brotas, onde encontra-se até hoje, plantando ali o Axé de Oxun e com isto além de fundar uma casa, fundam também a Nação Efon. Mais tarde tio Firmo passa a viver maritalmente com Maria Bernarda da Paixão, que era sua governanta e passam a dividir as funções do Axé.
Acredita-se que nesta época ambos já eram libertos. Os Igbás ou assentamentos dos orixás foram trazidos da África e estão até a presente data preservados no Ilê. Lá encontra-se a Osxn de Tio Firmo e Oloke de Maria Bernarda entre outros. Apesar da libertação dos escravos, a perseguição à cultos Afros foi intensa, e conta-se que Tio Firmo foi preso por várias vezes. A árvore do Iroko, um dos símbolos da casa, foi plantada após a libertação dos escravos, mas bem no final do século XIX, e a muda do Iroko veio da Casa de Oxumarê.
Outra história interessante do Iroko do terreiro do Oloroke, é que onde ele foi plantado era caminho das pessoas, pois ainda não haviam muros nem cercas e foi debaixo do Iroko da casa, que a finada Mãe Runho da nação Jeje deu a luz a Nicinha Lokosi e esta informação pode ser confirmada por Nenê de Osagiyan, neto carnal de Runho e por outros antigos ligados ao Bogun.
Tio firmo veio a falecer por volta de 1905 e fica à frente do Axé Maria da Paixão (Adebolu). Maria Violão iniciou várias pessoas, entre os quais podemos citar Mãe Milu que foi a Ya kekere do Asé, Matilde de Jagun (Baba Oluwa) sua sucessora e terceira mãe da casa,Cristóvão Lopes dos Anjos (Ogun Anauegi) , Celina de Yemonja (esposa de Cristóvão), Paulo de Xangô, filho carnal de Mãe Milu, Crispina de Ogun, a quinta pessoa a governar o Axé, e muitos outros.

Matilde de Jagun

No dia 4 de outubro de 1936, morre Maria Bernarda da Paixão aos 94 anos de idade.  Após muitas divergências, assume a casa Matilde de Jagun, Babá Oluwa, que fez muitos iyawos, entre os quais Noélia de Oxun e Emiliana também de Oxun. Tia Matilde tinha vontade que Waldemiro de Xangô (Obálokitiassi), feito na casa por Cristóvão Lopes dos Anjos (Ogun Anauegi), que tomou 7 anos com ela assumisse o Axé quando ela fosse. Mãe Matilde vem a falecer no dia 30 de outubro de 1970 aos 67 anos de idade.

Cristóvão Lopes

Após o falecimento de Matilde, quem assume a casa é Cristóvão de Ogun, que faleceu no dia 23 de setembro de 1985 aos 83 anos de idade. Após a morte de Cristóvão, a casa do Axé ficou fechada. Hoje também temos a matriz do Axé no Rio de Janeiro, onde foi fundado a primeira casa de Efón pelo Pai Cristóvão de Ogun..Depois do falecimento dele, Maria de Xangô neta carnal de Babá Cristóvão assumiu e herdou o Axé.
A nação Efón tem grandes Orixás que se perdeu, mas seu culto ainda existe dentro do Axé. Olooke é o maior de todos, ele é o Orixá patrono do Axé junto com Oxun. A nação cultua vários Orixás, citarei alguns abaixo:
Exú , Ogun , Oxossi ,Erinlé ,Iya Otin ,Baba Jagun ,Ayrá ,Oluaye ,Oxumarê ,Ossayn , Iroko Nana,Yewá , Obá ,Xangô , Oyá ,Oxun a grande matriarca da nação, Logun Edé, Ayrá ,Oxagyan , Oxalufan ,Obatalá , Olokun ,Olossá e outros Orixás

Grandes personalidades do Axé Efon


Iya Noelia de Oxun a atual herdeira do Axé Efón em Salvador


Baba Crsitovão T’Ogun, fundador do Asé Efón no Rj


Pai Alvinho T’Omolu, uns dos grandes Babaorixá do Axé


Iya Maria T’Xangô a herdeira do Axé Pantanal, a primeira casa de Efón do Rj


Alexandre T’Oxumarê, dirigente do Ile axé dan bauysa axé oloroke. Uns dos grandes Babaorixás do Axé no RJ.
A INJÔ LAYÓ OMÓ EFON FARAYÓ
(Dance com a felicidade, os filhos de Efon são iniciados para a felicidade)

Saudação ao Orixá Olorokê:

Olooke Obá Axé

Axé Ekití Axé Ekití

Senhor da montanha,rei da força

Força de Ekiti força de Ekiti (Ekiti) Cidade onde existe o culto a Olooke na África.

(Nações) - Candomblé

A palavra nação é usada no candomblé para distinguir seus segmentos, diferenciados pelo dialeto utilizado nos rituais, o toque dos atabaques, a liturgia. A nação também indica a procedência dos escravos que lhe deram origem na nova terra e das divindades por eles cultuadas.
As civilizações sudanesas, por exemplo, são representadas pelo grupo yorubá, também conhecido como nagô, por sua vez representado pelas nações:
O grupo dos daomeanos é representado pelas nações jeje:
As civilizações islamizadas são representadas por Fulas (peuhls), Mandingas, Haúça e, em menor número, Tapa, Bornu, Gurunsi ou Grunci.
As civilizações bantos do grupo angola-congolês são representadas pelos ambundas de Angola (cassanges, bangalas, in-bangalas, dembos), os congos ou cabindas do estuário do Zaira e os benguela com diversas tribos escravizadas.
As civilizações bantu da Contra-Costa são representadas pelos moçambiques (macuas e angicos), tendo sido o grupo Bantu reduzido às nações:
No começo do período escravagista, todos os escravos vindos da África eram chamados de negros de Guiné, pois no século XVI a Guiné se estendia de Senegal a Orange. Esses guinés deveriam ser autênticos bantus.
A escravidão dividiu as sociedades africanas em todos os sentidos. O africano, com o fim das linhagens, dos clãs, das aldeias, da realeza, se apegou ainda mais aos seus deuses e ritos, uma vez que foi a única coisa que restou de suas regiões de origem.
Guardiões da cultura oral, os escravos guardaram em sua memória os movimentos de dança, os toques dos atabaques, a comida ritual, as rezas e cânticos, na nova terra chamados de Cantiga no candomblé e pontos cantados na Umbanda.
O silêncio, o segredo (calundus) e o isolamento armado em quilombos e mocambos são formas de resistência e esperança de reconstituir na nova terra seus ritos, costumes e hierarquia.
A resistência dos negros ao regime de subordinação ou exploração do qual foram vítimas encontram portas abertas na religião, nos quilombos, confrarias e santidades, locais de reuniões assim chamados antes de receberem o nome de candomblés que também foram usados como esconderijo.